A Campanha Pró-Biblioteca Pública Municipal de Garopaba foi lançada em fevereiro de 2013 com o objetivo de construir um espaço difusor de informação e cultura, de apoio à educação, de lazer, de entretenimento e também de inclusão digital para estimular a criação e a fruição dos bens artístico-culturais da região.


terça-feira, 18 de junho de 2013

Tatiana Belinky: "O verbo ler não comporta imperativos"


A escritora Tatiana Belinky morreu aos 94 anos de idade no dia 15 de junho de 2013, mas deixou de herança para crianças e adultos obras como o autobiográfico "Transplante de Menina - Da Rua dos Navios à Rua Jaguaribe" (editora Moderna) e o livro de poemas "Limeriques do Bípede Apaixonado" (editora 34). Com o marido, o educador Julio Gouveia (1914-1988), adaptou para a TV Tupi, em 1952, a primeira versão de "O Sítio do Picapau Amarelo", obra de Monteiro Lobato.

Em julho de 2010, a escritora falou ao jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS), sobre como incentivar a leitura e ressaltou a importância de pais, mães e mestres darem o exemplo:


"Extra Classe: Em uma época com tanta oferta de informação, o que os pais devem fazer para estimular as crianças para a leitura?

 Tatiana – Não venha dizer o que pode ou não, o que é bom e o que é mau. História com moral é vacina contra a leitura. Deixe a criança resolver sozinha, dê oportunidades. Exponha o livro à criança, leve à biblioteca, a criança fica louca na Bienal. E também leia em casa. Você pode ler para a criança, mas, ao ver livros pela casa e ver o pai, a mãe, os avós, ou qualquer um lendo para si mesmo, ela fica curiosa. Nunca diga para a criança não ser curiosa. Incentive a curiosidade e não tente enganar, porque criança não é boba, quando você começa a enrolar, ela percebe. Não precisa dizer que mentira é pecado mortal. Mas não minta com coisas bobas, com enrolação.


Extra Classe: Que parcela cabe à escola na formação de leitores? 

Tatiana – Para começo de conversa, os professores têm que aprender a ler. Muitos dos que mandam as crianças ler, eles mesmo não leem. Agora já está melhor, mais civilizado, mas eu vi escolas com armário fechado à chave para a criança não pegar no livro. A melhor coisa é não mandar a criança ler. Pare de mandar. Encolha esse dedo. Existe um livro que eu gosto de recomendar, não ganho nada com isso a não ser o prazer de recomendar, porque ele é muito bom. É um livro francês, se chama Como um romance (de Daniel Pennac, tradução de Lenny Werneck, Ed. Rocco, 1997), compacto, inteligente e com senso de humor. A primeira frase é: “O verbo ler não comporta imperativos”. Assim como os outros dois verbos, amar e sonhar. São coisas que não se manda alguém fazer. No fim, o autor cria uma espécie de dez mandamentos sobre a leitura, a criança e o jovem. E o primeiro mandamento é: Se não quiser, não leia."

A entrevista pode ser lida na íntegra em http://www.sinprors.org.br/extraclasse/jul10/entrevista.asp

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